Projectos Expresso. O estudo ‘Lar, Doce Escritório’, sobre os impactos e o futuro do trabalho remoto, é o mote de um debate organizado pelo Expresso e a Vanguard Properties, que será transmitido esta quinta-feira,18 de fevereiro, às 15h, no Facebook do Expresso
São já vários os estudos que indicam que o trabalho remoto deverá permanecerá no pós-pandemia, não a 100% como agora, em confinamento, mas num modelo híbrido ou misto, ou seja, uns dias em casa e outros na empresa. De acordo com o estudo ‘Lar, Doce Escritório’ desenvolvido pela SHL Portugal, 92% dos inquiridos (1341 colaboradores e 124 empresas) acredita que o trabalho remoto vai manter-se e 74% prefere o tal modelo híbrido, porque é neste que se consegue um maior equilíbrio entre as vantagens e desvantagens de trabalhar em casa.
De acordo com os inquiridos deste estudo, nas vantagens está, por exemplo, a redução dos custos diários; não ter de perder tempo na deslocação casa-trabalho-casa (que pode ser demasiado longa); não ter de lidar com o trânsito; ter mais flexibilidade e mais tempo para a família; ter mais produtividade ou ainda menos custos operacionais para as empresas. Aliás, 80% das empresas inquiridas pela SHL Portugal dizem que o trabalho remoto lhe permitiu poupar nas rendas; estacionamento; viagens e deslocações; nas contas da luz e água; nas despesas de refeitório e limpezas e ainda de combustíveis, passes e manutenção de frotas, quando existentes.
Já nas desvantagens incluem-se, por exemplo, os problemas psicológicos derivados do isolamento social e profissional; o esbatimento entre o período de trabalho e de lazer (93% diz que trabalha mais em casa); a necessidade de mais e novas competências, tais como as relacionadas com a tecnologia; e consequentemente, mais custos com essa mesma tecnologia e com formação nesse sentido. Isto para as empresas.
Saber gerir tudo isto vai ser o próximo grande desafio das empresas e dos colaboradores se, de facto, se mantiver o modelo misto de trabalho. Mas vai requerer também uma legislação adequada à essa nova realidade e que responda a questões tão simples como, por exemplo, se o subsídio de refeição deve ou não continuar a ser pago, mesmo quando se trabalha em casa. Este será, precisamente, um dos temas em discussão no debate desta quinta-feira, um parceria entre o Expresso e a Vanguard Properties, que terá como convidados Susana Almeida Lopes, sócia-gerente da SHL Portugal e responsável pelo estudo; Bruno Lobo, sócio-gerente do gabinete de arquitectura S+A (Saraiva e Associados); Benedita César Machado, directora de vendas, estratégia e novos negócios da promotora imobiliária Vanguard Properties e ainda Tiago Piló, advogado da sociedade Vieira de Almeida.
Outro dos temas em cima da mesa é o impacto do trabalho remoto no imobiliário, nomeadamente nas casas, nos escritórios e nas cidades. De acordo com o mesmo estudo, que também abordou estes temas, o trabalho remoto alterou as preferências das pessoas em relação às casas, mudou as necessidades das empresas nos escritórios e poderá obrigar a uma revitalização das cidades e dos bairros.
Por exemplo, nas casas, as preferências incidem agora em áreas maiores e espaços para trabalhar; nas empresas, pensa-se que os escritórios terão de ter uma área maior para cada trabalhador; mais luz solar e espaços colaborativo maiores. Já nas cidades, o facto de as pessoas estarem a trabalhar em casa fez com que usassem mais o bairro e a zona onde moram e isso pode levar a uma valorização do comércio local e de rua (que cresceram, respectivamente, 39% e 28% durante a pandemia) ou até ao aparecimento de escritórios mais perto das zonas residenciais. No limite, conclui-se no mesmo estudo, realizado em outubro de 2020, “pode levar a uma melhor distribuição da população, contrariando a desertificação no interior”.