Não existem dúvidas de que o futuro estará numa mudança do local de trabalho e do modelo de funcionamento das equipas e da dinâmica dos negócios.
O setor dos escritórios passou a conter um novo concorrente, de forma inesperada ou tendencionalmente expectável: “o canto da casa onde passou a caber uma secretária”, “a mesa improvisada” ou “o escritório da casa desarrumado e com pó”.
Na generalidade, a eficiência subiu, o nível de empenho continuou ou até aumentou, os custos de utilização e manutenção de escritórios e os custos de deslocação para os escritórios e clientes também reduziram. Se não fosse o impacto financeiro da crise ao nível do tecido empresarial, esta situação idílica teria sido perfeita e um caso de estudo a vigorar em todos os livros de gestão.
Atualmente, já se comenta que os escritórios serão transformados num “modelo híbrido”, no entanto, ainda há muito por estabelecer no que retrata esse modelo, sendo que a pergunta principal enquadra-se em não haver um único modelo, mas sim vários modelos, quase tantos quanto o número de empresas em Portugal.
As empresas vão necessitar do apoio estratégico integrado de consultores, com conhecimentos nas áreas de Estratégia Corporativa, Talento, Real Estate, Contabilidade, Sistemas de Informação e Organização, uma vez que estes novos modelos de negócio podem produzir importantes vantagens competitivas e novas oportunidades de negócio.
A simplicidade dos critérios de escolha de escritórios, antes da pandemia eram, principalmente, a área, a renda unitária e o custo total de ocupação. A localização, em muitos casos, era um resultado do binómio m² Vs €/m². Atualmente, no “pós-pandemia”, a grande diferença é que o número de variáveis para a escolha de escritórios aumentou significativamente, dificultando a tomada de decisão.
O que mudou?
Retenção
Até à pandemia, o local de trabalho era muitas vezes um importante argumento ou motivação para a captação e retenção de talento. As empresas com maior capacidade financeira ofereciam o acesso a escritórios modernos, bem localizados e com postos de trabalho confortáveis, em muitos casos um “nice-to-have”.
No “pós-pandemia” a obrigatoriedade de lockdown levou a que o tempo de permanência em casa incentivasse à necessidade de substituir o mesmo conforto que existia no escritório ou até realizar um upgrade. Percebendo que o teletrabalho é igual ou até mais confortável que estar num escritório, muda o paradigma de que a empresa “atrai” o trabalhador, para o trabalhador “atrai” a empresa.
Estando em casa, o trabalhador pode, hoje, facilmente decidir com que empresa deseja trabalhar, dado que a proximidade ou a acessibilidade ao escritório deixa de ser uma barreira. Uma grande mudança terá de ocorrer ao nível dos escritórios por forma a continuarem a ser um atrativo.
Organização
As empresas perceberam que o talento já não precisa de estar apenas nas grandes cidades e que de qualquer parte do país é possível trabalhar. Esta realidade vai implicar uma mudança na organização das empresas, podendo até promover a descentralização e criação de polos regionais onde os escritórios são mais baratos e espaçosos, podendo oferecer condições que não seriam possíveis nos centros urbanos.
Colaboração
O escritório do futuro irá ser sobretudo um centro de socialização, colaboração e de trabalho em equipa e, como tal, terá de ser apelativo e criar um sentimento agradável de bem-estar.
Conjugar este desafio com todos os outros e a complexidade das suas interações, irá, sem dúvida, ser um fator de importância estratégica para as empresas nos próximos três a cinco anos.
Fonte: https://supercasa.pt/futuros-do-setor-dos-escritorios-consequencias-dos-impactos-nos-espacos-de-escritorios-e-novos-modelos-de-trabalho/n1230